texas-moody

Jornalista mexicano sequestrado em Michoacán está desaparecido há quase um mês

O jornalista mexicano Salvador Adame Pardo (45) está há quase um mês desaparecido, após ter sido sequestrado por um grupo de homens armados no dia 18 de maio, na cidade de Nueva Italia, município de Múgica, em Michoacán.

Adame Pardo – fundador e dono do canal 6 TV, junto com sua mulher, Frida Urtiz Martínez, em Múgica, Michoacán – tem sido um jornalista crítico do trabalho das autoridades estatais e da gestão do presidente municipal de Múgica, Salvador Ruiz Ruiz, de acordo com o site Animal Político.

Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Adame seria o quinto jornalista que desaparece em Michoacán desde 2006. José Antonio García Apac (2006), Mauricio Estrada Zamora (2008), María Esther Aguilar Cansimbe (2009) e Ramón Ángeles Zalpa (2010) são os outros jornalistas desaparecidos no estado do sul do México, segundo a RSF.

“Meu esposo e eu somos os donos do canal, tínhamos convênios de publicidade com o município de Múgica, de difundir o trabalho que todas as administrações têm a obrigação de fazer de conhecimento público, e desistimos disso pelas pressões que recebíamos", declarou Urtiz Martínez, segundo o Animal Político.

Enquanto estava investigando o desaparecimento de seu marido, Urtiz Martínez sofreu um infarto cardíaco na delegação da Procuradoria Geral da República (PGR), no dia 12 de junho, informou o jornal La Jornada. A mulher do jornalista desaparecido teve que ser internada no Hospital de la Mujer, em Morelia.

Anteriormente, Urtiz Martínez também participou da denúncia penal coletiva que cerca de 100 jornalistas apresentaram no dia 31 de maio na Unidade Especializada de Combate ao Sequestro da Procuradoria Geral de Justiça do Estado (PGJE) pelo rapto de Adame Pardo, publicou o Animal Político.

Na denúncia, os jornalistas exigiram às autoridades que o curso das investigações pelo desaparecimento do colega tenha como causa sua atividade jornalística. Também instaram as autoridades a reconhecê-los como vítimas indiretas no processo de investigação do desaparecimento de Adame - o qual não avançou em nada até o momento - segundo o El Universal.

Além disso, no documento entregue à procuradoria, os jornalistas assinalaram que, no ano passado, Adame Pardo e Urtiz Martínez foram covardemente atacados pela Polícia Municipal durante um protesto de cidadãos. O fato ocorreu enquanto ambos os comunicadores cobriam a ocupação da prefeitura de Múgica por parte de manifestantes, informou o Animal Político.

Segundo o sindicato de jornalistas michoacanos, Adame Pardo recebeu ameaças a partir de suas reportagens sobre o assunto, e por isso contava com o mecanismo de proteção a jornalistas implementado pela organização defensora da liberdade de expressão Artículo 19.

De acordo com o Animal Político, o procurador de Michoacán, José Martín Godoy, disse que o desaparecimento de Adame Pardo também poderia ser uma questão sentimental ou de dívidas com terceiros.

A respeito das declarações do procurador, Patricia Monreal, jornalista do site Revolución 3.0 e porta-voz do movimento de jornalistas michoacanos, disse ao site Noventa Grados que o sindicato não permitirá que as autoridades desviem o curso da investigação sobre o desaparecimento de Adame Pardo para assuntos “passionais”.

Até agora, seis jornalistas foram mortos no México este ano. Os assassinatos continuam impunes até hoje.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

Artigos Recentes