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Jornalistas venezuelanos protestam contra agressões da Guarda Nacional e detenção de colegas

Por Samantha Badgen

Jornalistas venezuelanos de diversos meios de comunicação se reuniram na Praça Madariaga (Caracas) no último domingo, 23 de março, para protestar contra a repressão de trabalhadores da imprensa por parte da Guarda Nacional.

Segundo o jornal El Universal, os manifestantes entregaram um comunicado ao Comandante Geral da Guarda Nacional, Noguera Pietri. No comunicado, representantes do Sindicato Nacional de Trabalhadores de Imprensa (SNTP), responsável pelo protesto, condenaram a violência contra jornalistas - incluindo a detenção do jornalista Israel Ruiz. Ruiz foi libertado sem acusações logo após o encontro entre o comandante e os manifestantes.

Na semana passada, a Guarda Nacional já havia prendido a jornalista Mildred Manrique, que também teve sua residência vasculhada no sábado, 22 de março.

Naquele dia, de acordo com o Instituto de Imprensa e Sociedade da Venezuela (IPYS), oficiais da Guarda Nacional entraram no prédio da jornalista no setor de Altamira em Caracas e invadiram apartamentos de onde residentes suspostamente teriam atirado objetos contra as autoridades. Luz Mely Reyes, diretor do jornal El Diario desde 2001, confirmou ao IPYS que oficiais entraram no apartamento de Manrique e a detiveram sob a acusação de "terrorismo" após encontrar em sua residência um capacete, uma máscara anti-gás e um colete à prova de balas — equipamentos que a jornalista usava para cobrir os protestos.

Os guardas apreenderam o equipamento e outros pertences, incluindo três computadores. De acordo com o jornal El País, o General da Brigada Manuel Fernández Quevedo assegurou que as autoridades também encontraram coquetéis Molotov e propaganda anti-governo no apartamento de Manrique .

De acordo com a IPYS, Manrique permaneceu detida em Fuerte Tiuna, uma instalação militar, e foi liberada após ser interrogada na noite de sábado, 22 de março.

Manrique já havia sido agredida por oficiais da Guarda Nacional enquanto cobria os protestos no mês passado. Em duas ocasiões as autoridades apontaram suas armas contra a jornalista e a ameaçaram se ela fotografasse os protestos, embora ela estivesse portando credenciais de imprensa.

Organizações jornalísticas calculam que o número de agressões contra jornalistas na Venezuela desde 12 de fevereiro, quando se iniciaram os protestos contra a insegurança e a falta de produtos básicos, já passa de 65.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog Jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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