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Lincoln Institute investe na cobertura jornalística sobre os desafios urbanos na América Latina

As reportagens sobre a relação entre o boom imobiliário e a escassez de água na Cidade do México, os problemas que assolam o programa social Gran Misión Vivienda em Caracas e o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida no Brasil talvez nunca tivessem visto a luz do dia sem o apoio do Lincoln Institute of Land Policy. 

O Lincoln Institute of Land Policy (Instituto Lincoln de Políticas da Terra) é uma fundação privada, sem fins lucrativos, sediada nos Estados Unidos, que busca melhorar a qualidade de vida por meio do uso eficaz, da tributação e do gerenciamento de terras. Há algumas décadas, a parceria com jornalistas faz parte de sua missão. 

"Sabemos que jornalistas são parceiros importantes em nossa missão, pois são eles que podem comunicar as questões com as quais trabalhamos a públicos mais amplos", disse Laura Mullahy, gerente de projetos especiais do Lincoln Institute.

Há dez anos, o instituto começou a apoiar jornalistas na América Latina por meio de cursos de treinamento, tanto presenciais quanto à distância. Em 2022, eles também decidiram criar um prêmio para a cobertura de questões urbanas que é concedido no contexto da Conferência Latino-Americana de Jornalismo Investigativo (COLPIN).

"Tem sido um trabalho gradual e constante para tentar abrir espaço na região. Entendemos que as políticas fundiárias não são o tema mais acessível ou ‘amigável’. E sabemos que, mesmo para jornalistas interessados nessas questões, muitas vezes é difícil conseguir que os meios aprovem reportagens sobre elas. Ouvimos isso de muitos jornalistas em nossos cursos", explicou Mullahy. 

No entanto, de acordo com Mullahy, tem havido uma tendência gradual, mas positiva, em termos de interesse e uma presença crescente de questões urbanas na mídia latino-americana.

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Vencedores da primeira edição do "Prêmio Lincoln de Jornalismo sobre Políticas Urbanas, Desenvolvimento Sustentável e Mudanças Climáticas" durante a Conferência Latino-Americana de Jornalismo Investigativo em 2022. (Foto: Instituto Prensa y Sociedad)

Tanto é assim que a primeira edição do "Prêmio Lincoln de Jornalismo sobre Políticas Urbanas, Desenvolvimento Sustentável e Mudanças Climáticas" recebeu 160 reportagens de 19 países e 46 cidades.

"Temos visto reportagens sobre temas que antes eram difíceis de imaginar serem publicados na mídia. No Prêmio Lincoln 2022, ano em que o inauguramos, o segundo prêmio foi para uma coleção de 86 reportagens sobre o Plano de Uso do Solo (POT) da cidade de Bogotá. Foi uma análise dessa ferramenta de planejamento e do processo de sua aplicação sob várias perspectivas, que poderia ser útil para outras cidades", disse Mullahy. 

O primeiro prêmio foi para Alejandro Melgoza Rocha por sua reportagem Tulúm: un paraíso ilegal, publicada na N+ Focus (México). O trabalho trata da destruição de dunas, mangues, recifes e florestas em Tulum, no estado de Quintana Roo, no México, por empresários, funcionários públicos e autoridades municipais que comprometem o meio ambiente em busca de um pedaço de terra para explorar.

Este ano, o prêmio estará em seu segundo ano e aceitará inscrições até 10 de setembro de 2023. São bem-vindas inscrições de reportagens sobre temas como o funcionamento de sistemas tributários eficientes e equitativos; iniciativas que promovam o acesso a recursos e oportunidades; acesso a serviços públicos básicos; iniciativas e projetos inovadores para promover políticas de conservação; e prevenção dos efeitos mais catastróficos das mudanças climáticas por meio de políticas de uso da terra. 

 

O ‘chip’ Lincoln

 

O instituto estima que, por meio de seus cursos de treinamento presenciais e a distância, conseguiu impactar mais de 20 mil pessoas. E uma média de 300 profissionais participaram dos cursos voltados para jornalistas.

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Curso sobre política da terra e jornalismo investigativo em Lima, em 2016. Organizado pelo Instituto Prensa y Sociedad e pelo Lincoln Institute (Foto: Lisseth Boon).

"O Lincoln Institute tem procurado estar presente em momentos importantes, como mudanças de autoridade, aprovação de nova legislação ou outros pontos decisivos. Sabemos que nossa presença pode fazer a diferença", disse Mullahy. "De fato, há muitas mudanças e tendências na América Latina relacionadas ao avanço do desenvolvimento e implementação de instrumentos de gestão de terras e legislação relacionada, nos quais os cursos do Lincoln e seus alunos tiveram influência e, em alguns casos, um papel ativo.”

O instituto não apenas oferece cursos de treinamento ou o prêmio, mas também desenvolve sua comunidade por meio de publicações impressas e materiais multimídia, apoio a pesquisas, redes e parcerias com outras instituições. 

Eles criaram uma comunidade de profissionais em toda a América Latina que se definem como portadores do "chip Lincoln".

Do Lincoln Institute também surgiu o projeto Estación Ciudad, um podcast sobre histórias urbanas na América Latina que, de acordo com seu site, busca refletir sobre a dinâmica em torno do território, da moradia e dos recursos em nossas cidades.

"Sabemos que é possível viver em cidades mais justas, equitativas e capazes de responder aos desafios climáticos de nosso tempo, e que o primeiro passo para conseguir isso é entender os processos que moldam as cidades em que vivemos", explicam seus criadores.

"Buscamos aproximar os conceitos de urbanismo da experiência real das pessoas para iniciar um diálogo acessível, interdisciplinar e inclusivo que contribua para a transformação de nossas cidades."

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