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Ministério Público de Sergipe processa jornalista por post ficcional; Fenaj repudia

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  • 13 fevereiro, 2013

Por Isabela Fraga

A Federação Nacional dos Jornalistas do Brasil (Fenaj) lançou na última sexta-feira, 8 de fevereiro, uma nota de repúdio à denúncia criminal do Ministério Público de Sergipe (nordeste do país) contra o jornalista José Cristian Góes, realizada no final de janeiro, por um texto ficcional postado em seu blog no Portal Infonet.

Góes já enfrentava dois processos -- um civil e um criminal -- por difamação, abertos pelo desembargador do Tribunal de Justiça do Estado, Edson Ulisses, informou a revista Fórum. O texto de Góes, intitulado "Eu, coronel de mim", é ficcional, em primeira pessoa, e não cita nomes.

Segundo o jornal Brasil de Fato, o jornalista teria ofendido a honra do desembargador ao chamá-lo de "jagunço" e sua mulher de "feia", no trecho "chamei um jagunço das leis, não por coincidência marido de minha irmã". Como explicou na entrevista para a Fórum, o desembargador entendeu que Góes teria escrito o texto como se fosse o governador do estado, Marcelo Déda, cuja irmã é esposa do desembargador.

Diante da negação de Ulisses de acordo com góes, o MP propôs que o jornalista pagasse três salários mínimos ou cumprisse três meses de serviços à comunidade, o que Góes refutou, reportou o site SE Notícias. “Em hipótese alguma aceito que cometi crime quando escrevi um texto ficcional que fala de um coronel irreal", disse o jornalista. Com a negação, o MP denunciou Góes criminalmente.

Celso Schröder, presidente da Fenaj, comentou que o caso de Góes representa uma prática cada vez mais constante no Brasil de intimidação de jornalistas. "Infelizmente em determinados nichos de poder prossegue a tentativa de inibir e agredir os jornalistas", afirmou. Dezenas de organizações da sociedade civil também juntaram-se para lançar uma nota pública de solidariedade a Góes, informou o site do Sindicato de Jornalistas do Sergipe.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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