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Polícia chilena é processada por espancar e sequestrar jornalista que cobria protestos estudantis

A Associação de Correspondentes Estrangeiros do Chile entrou com uma ação judicial contra a polícia chilena por sequestro e ataques a jornalistas nesta sexta-feira, 14 de outubro, informou o jornal El Comercio. Esta é a primeira acusação formal de sequestro de jornalista de que a polícia é alvo desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990, de acordo com a Folha de S. Paulo.

O fotógrafo Fernando Fiedler, da agência italiana International Press Service (IPS), afirma que foi sequestrado por um grupo de policiais enquanto registrava uma manifestação estudantil, no último dia 6 de outubro. Segundo o jornal El Comercio, ele foi espancado e teve seu material fotográfico apagado de sua câmera. A polícia, por sua vez, negou as denúncias de agressão e disse ter o direito de manter pessoas sob sua custódia sem acusação por até 12 horas.

Além de Fiedler, outro fotógrafo, Jorge Villegas, da agência chinesa de notícias Xinhua, afirma ter sido intoxicado, em agosto, por uma bomba de gás lacrimogêneo, pressionada contra seu rosto por policiais durante um protesto estudantil. Outros sete jornalistas apresentaram denúncias semelhantes, noticiou o site Sul 21.

O presidente da Associação, Mauricio Weibel, destacou que "a violência é um padrão da polícia, mas cresceu de forma assustadora e impunemente no governo de Sebastián Piñera". Ele também criticou a proposta de reforma do Código Penal chileno, que pretende obrigar a imprensa internacional a entregar seus arquivos audiovisuais à polícia sem que haja uma ordem judicial prévia.

A organização jornalística realizou uma reunião com o relator especial das Nações Unidas para a Liberdade de Expressão, Frank La Rue, para explicar a situação. La Rue esteve em Santiago na última quarta-feira, 12 de outubro, e pediu autorização ao presidente para uma visita oficial da entidade no país.

Desde o início da onda de protestos estudantis no Chile, profissionais da imprensa têm sofrido ataques no exercício da profissão, como detenções arbitrárias, agressões físicas e danos às suas ferramentas de trabalho.

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