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Procurador acusa ex-ministro peruano do Interior de co-autoria em assassinato de jornalista em 1988

Daniel Urresti, ex-general e ministro do Interior durante o governo do presidente peruano Ollanta Humala, foi acusado pelo procurador Luis Landa da co-autoria do assassinato do jornalista Hugo Bustíos, em 1988. O procurador fez a declaração durante o atual julgamento contra Urresti e pediu 25 anos de prisão para o ex-general, segundo reportou o jornal La República.

A Corte Penal Nacional vai avaliar a validade da acusação contra Urresti apresentada pelo procurador Landa, que deixou de ser o autor mediato, ou mandante, para se tornar co-autor do crime contra Bustíos, de acordo com o jornal El Comercio.

Em 2013, a procuradoria acusou Urresti de ser o o autor mediato do crime por supostamente dar a ordem de executar o jornalista. Em 1988, o ex-ministro era chefe de inteligência do quartel-general de Castropampa, em Huanta, Ayacucho. O atual julgamento começou em 2015.

Este pedido de modificação da acusação foi feito depois que o promotor conseguiu reunir várias declarações de testemunhas-chave, além de coletar novas provas, de acordo com a Comissão de Direitos Humanos (Comisedh). Landa acusou Urresti de ter participado diretamente do assassinato do correspondente da revista Caretas, reportou o La República.

A Comisedh também comunicou que o procurador Landa destacou o testemunho de Ysabel Rodríguez Chipana, que identificou Urresti em outubro de 2015, Amador Vidal Sanbento e o já falecido sargento Jhonny Zapata Acuña, entre o grupo de militares que atacou Bustíos e seu colega Eduardo Rojas Arce. O procurador afirmou que outras evidências confirmaram o que Rodríguez Chipana disse.

Rodríguez Chipana e outros dois moradores da área, Hilda Aguilar Gálvez e Alejandro Ortiz Serna, testemunharam que o funcionário público Vidal Sanbento também estava na cena do crime e participou do assassinato, segundo o La República.

Em 2008, o Coronel Víctor La Vera Hernández e o Major Victor Amador Vidal Sanbeto, do Exército peruano, foram sentenciados a 17 e 15 anos de prisão, respectivamente, como perpetradores do assassinato de Bustíos. Depois do julgamento, Vidal Sanbeto acusou Urresti de ter planejado o assassinato do jornalista, de acordo com a Caretas.

A respeito do novo desdobramento no julgamento contra ele, Urresti afirmou que a apelação apresentada pelo procurador é ilegal, e que sua acusação final já deveria ter sido definida. "Não me importo se eles mudarem a acusação diretamente porque eu não tenho absolutamente nada a ver [com isso]. Além disso, nem a viúva nem a família Bustíos me acusam, são eles que acusam, a pessoa denunciada é o capitão Vidal Sanbento, no desespero para rever o caso dele", disse Urresti ao canal de notícias Canal N, de acordo com El Comercio.

O advogado da Comisedh, Hernán Barrenechea, que representa a família de Bustíos no julgamento, pediu à Corte Penal Nacional que a apelação do procurador seja declarada apropriada. Anteriormente, ele havia destacado que o pedido de Landa para modificar a acusação contra Urresti tem proteção legal e que a Procuradoria-Geral tem o poder de fazê-lo. "Não há violação do direito de defesa nem ao devido processo", disse o advogado, de acordo com o El Comercio.

Bustíos, que tinha 38 anos no dia 24 de novembro de 1988, morreu após ser baleado e atingido por uma granada. O fato ocorreu quando o jornalista estava dirigindo uma moto fora da aldeia de Huanta, Ayacucho, para apurar a morte de uma família pelas mãos do grupo terrorista Sendero Luminoso.

Ele estava acompanhado do colega Eduardo Rojas Arce quando foi atingido, o que o fez cair da motocicleta. De acordo com o blog LaMula, a revista Caretas publicou que, no momento em que foi baleado, Bustíos gritou para Rojas: "Corra, eles não são senderistas, salve-se!".

Rojas Arce ficou ferido, mas conseguiu se salvar, e confirmou nos vários julgamentos que se seguiram que foram militares que mataram Bustíos.

Antes de sua morte, Bustíos pediu autorização às autoridades militares para entrar na área, já que naquele momento havia uma forte presença do grupo terrorista Sendero Luminoso no país, especialmente em Ayacucho.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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