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Redação de jornal paranaense recebe ameaças após publicar denúncias contra policiais

Repórteres da Gazeta do Povo, o maior diário do Paraná, foram alvos de ameaças sobre um suposto ataque que estaria sendo planejado contra eles, de acordo com informações divulgadas pelo próprio jornal. Nesta segunda-feira, 17 de dezembro, a redação e a direção do jornal receberam telefonemas com ameaças diretas e alertas sobre a possibilidade dos ataques.

As ameaças ocorreram após uma série de reportagens publicadas pelo jornal com denúncias contra policiais do estado. As ligações foram feitas no mesmo dia em que a edição impressa da Gazeta do Povo divulgou casos de supostas promoções de delegados que estariam respondendo a sindicância ou processo disciplinar, o que é vedado pela corporação, segundo o Portal Terra.

Entre os jornalistas ameaçados está Mauri König, diretor da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e recém-homenageado pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas com o Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa 2012, reconhecimento anual a profissionais que enfrentaram represálias e arriscaram a vida para revelar abusos de poder e violações dos direitos humanos

König foi citado nominalmente em um dos telefonemas. Um desconhecido se identificou como policial militar e contou ter ouvido de colegas que cinco PMs do Rio de Janeiro estavam em Curitiba para metralhar a casa de König, de acordo com a Abraji. O motivo seria uma investigação conduzida pelo repórter.

Ainda segundo a Abraji, König e sua família deixaram a casa em que viviam em Curitiba e estão em endereço desconhecido, sob proteção constante de seguranças contratados pelo jornal. Antes dele, o repórter André Caramante, da Folha de S. Paulo, também foi obrigado a se afastar da redação por questões de segurança este ano.

A Abraji cobrou uma apuração célere das ameaças contra König, que classificou como ameaças também à liberdade de expressão e à democracia e um atentado contra o direito de saber de toda a sociedade.

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado no Paraná (Gaeco/PR), órgão que também é responsável pelo controle externo das polícias no Paraná, instaurou processo nesta terça-feira, 18 de dezembro, para tentar identificar os autores e as razões de ameaças contra a redação da Gazeta do Povo, noticiou o site Jornale.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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