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Resgate de mineiros no Chile desata loucura midiática

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  • 11 outubro, 2010

Por Ingrid Bachmann

A odisseia dos 33 mineiros presos durante dois meses no norte do Chile, a 700 metros de profundidade, “se converteu em um grande reality show”, diz o jornal La Nación. O resgate, que entrará em sua etapa final na quarta-feira, promete ser o "evento midiático" da semana.

Mais de 1,5 mil jornalistas, fotógrafos e câmeras estão reunidos no acampamento Esperanza em busca de "histórias humanas", diz a matéria do La Nación. Segundo o Terra, 250 meios de comunicação se credenciaram para cobrir o resgate. Equipes de jornalistas de países como Rússia, Japão e Colômbia compartem a ansiedade com repórteres chilenos, familiares e amigos dos mineiros, afirmam a agência EFE e o jornal El Mundo. Fontes do governo citadas pelo New York Times destacam que o número de veículos acompanhando o resgate é maior que o dos que cobriram o terremoto no Chile em 27 de fevereiro.

Devido às características do resgate, o governo chileno anunciou que evitará a entrada massiva dos jornalistas e o acesso à mina. Segundo a Orbe, as autoridades transmitirão o resgate ao vivo e as imagens ficarão disponíveis para uso dos meios de comunicação.

As peculiaridades da notícia — o acidente na mina, o encontro de sobreviventes e a longa espera do resgate — possibilitam um relato épico que, segundo a AFP, já está inspirando projetos literários e filmes. Mas uma pesquisa de opinião no Chile revelou que 79% dos entrevistados consideram que os meios de comunicação estão se aproveitando da imagem dos mineiros e suas famílias, observa o Terra. Os familiares também expressaram temor pela superexposição que os mineiros podem sofrer ao serem resgatados, acrescenta La Tercera.

Mas, ao que tudo indica, os repórteres terão boas fontes para contar a história. Depois de passar por um treinamento para lidar com a imprensa e receber apoio psicológico, os mineiros declararam estar dispostos a falar com os jornalistas, dizem a Europa Press e a rádio Bío-Bío.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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