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Sete jornalistas são assaltados e agredidos em Guerrero, sul do México

Sete jornalistas nacionais e internacionais sofreram agressões e tiveram pertences e equipamentos de trabalho roubados por uma suposta gangue local de criminosos do estado de Guerrero, no sul do México, no último sábado, dia 13 de maio, conforme informaram diversos meios do país.

Os jornalistas, que viajavam em duas caminhonetes, foram interceptados por um grupo de pelo menos 100 homens armados ao chegar a um posto de controle instalado na rodovia Iguala-Ciudad Altamirano, na altura do município de Acapetlahuaya, em Guerrero. Ali, foram roubados documentos pessoais, dinheiro, telefones celulares, passaportes, laptops, câmeras fotográficas e de vídeo e uma das caminhonetes, informou o jornal La Jornada.

“Nos disseram que iam nos queimar vivos”, disse Sergio Ocampo, um dos jornalistas assaltados, sobre o incidente, segundo o Animal Político.

Os jornalistas agredidos foram: Ocampo, apresentador da Radio UAgro e correspondente do La Jornada em Guerrero e da agência de notícias AFP; Jair Cabrera, repórter gráfico e colaborador  La Jornada; Hans Musielik, jornalista de origem alemã colaborador do Vice News México; Pablo Pérez García, jornalista espanhol do veículo Hispano Post; Jorge Martínez, da agência de notícias Quadratín Guerrero; Ángel Galeana, da Imagen TV; e César Alejandro Lorenzo Ortiz, do portal Bajo Palabra e do W Radio, de acordo com o Animal Político.

A Procuradoria Geral da República (PGR) condenou o ataque e informou que, por meio da Procuradoria Especial para a Atenção de Delitos cometidos contra a Liberdade de Expressão (Feadle), foi iniciada a investigação correspondente em conjunto com as autoridades, informou o Proceso.

A Comissão Nacional de Direitos Humanos do México (CNDH) também condenou o ataque e disse por meio de um comunicado que não se pode permitir "por nenhum motivo grupos armados agridam e violentem o material de trabalho das pessoas que exercem o jornalismo no Estado de Guerrero ou em outra região do país”.

Tanto a PGR como a CNDH informaram que entraram em contato com os comunicadores afetados para fazer as ações necessárias do caso e oferecer acompanhamento, informaram o Proceso e a CNDH em seu comunicado.

Os comunicadores estavam voltando de San Miguel Totolapan, depois de cobrir no dia 12 de maio o enfrentamento entre as forças de segurança federais e estatais e os moradores da cidade, informou a Univisión. Segundo o Animal Político, a população local formou recentemente um grupo de autodefesa para enfrentar os sequestros e extorsões das quadrilhas La Familia Michoacana e Los Tequileros.

O governador de Guerrero, Héctor Astudillo, disse nas redes sociais: “Estou convencido que quem assaltou [os jornalistas] pertence ao grupo La Familia Michoacana, que acabou se envolvendo. (...) O que ocorreu com os companheiros jornalistas na (região) Tierra Caliente é um ato inadmissível, que não toleramos e que condenamos energicamente”, publicou a Univisión em seu site.

Em protesto contra a agressão, dezenas de jornalistas marcharam até a praça principal de Chilpancingo de los Bravo, capital do estado de Guerrero, no dia 14 de maio. Os manifestantes exigiram que o governador Astudillo e o presidente mexicano Enrique Peña Nieto forneçam as garantias necessárias para o exercício da profissão, informou o site Regeneración.

“Nós destacamos que estes grupos criminosos se movem com total impunidade, e nos parece estranho que eles tenham atuado com total anarquia entre dois postos de controle do Exército mexicano, o que confirma a convivência entre as forças da ordem com os grupos criminosos”, disse o jornalista Jesús Saavedra durante o protesto, ao ler um pronunciamento representando os colegas manifestantes, segundo publicou o Regeneración.

São quatro os jornalistas assassinados no México até agora em 2017. Segundo a organização Article 19 do México, cerca de 104 jornalistas foram assassinados no país desde o ano 2000, possivelmente por motivos relacionados à profissão, publicou o Animal Político.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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