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Workshop do IRE reúne jornalistas para debater pressões e violência na cobertura da fronteira México-EUA

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  • 28 fevereiro, 2012

Por Lise Olsen, membro do diretório de Repórteres e Editores Investigativos (IRE, na sigla em inglês) entre 2007 e 2011 e diretora do IRE-México entre 1996 e 1998.

Vinte jornalistas ilustres se reuniram na Ciudad de México no último dia 18 de fevereiro para trocar informação e discutir de que modo a organização Repórteres e Editores Investigativos (IRE) pode continuar ajudando jornalistas que, sob pressão e, muitas vezes, sob grande risco pessoal, seguem fazendo jornalismo de investigação na fronteira entre Estados Unidos e México, com temas como as crianças vítimas da violência dos cartéis de drogas, o desperdício do dinheiro dos impostos, a corrupção política, as atividades dos cartéis e os enormes custos sociais e econômicos da guerra contra as drogas em ambos países.

O evento foi o quinto de uma série de oficinas bilíngües que o IRE realizou entre 2009-2012, apoiadas em parte por doações da Fundação Ford. Para discutir os próximos passos, IRE reuniu palestrantes mexicanos e americanos que participaram em workshops nas cidades fronteiriças de Laredo, El Paso e San Diego, além de jornalistas com sede na Ciudad de México (também de ambas nacionalidades) que cobrem temas similares.

A premiada repórter investigativa Sandra Rodríguez, do El Diario de Juárez, explicou como tira proveito de fontes pessoais e registros públicos para averiguar mais a fundo a avalanche de homicídios em Ciudad Juárez. (Veja mais detalhes neste vídeo sobre seu trabalho, que recebeu o prêmio internacional da ICFJ). A jornalista da revista Proceso Marcela Turati (autora do livro Fuego Cruzado) falou sobre seus inovadores enfoques para trabalhar com as vítimas da violência e como construiu cuidadosamente uma rede de apoio aos jornalistas no México chamada Periodistas de a Pie.

Os jornalistas baseados na Ciudad de México Daniel Lizárraga, autor do livro La Corrupción Azul, uma investigação de denúncia feita a partir de arquivos da presidência mexicana, e Lilia Saúl, do jornal El Universal, fizeram uma exposição sobre seus constantes esforços para usar a lei mexicana de acesso à informação para obrigar as autoridades a entregar documentos sobre gastos políticos e públicos.

O conhecido editor investigativo Ignacio Rodríguez Reyna, fundador da revista EmeEquis, contou como a diminuição do investimento em equipes investigativas afetou a capacidade de realizar jornalismo em profundidade na fronteira e no resto do México — semelhante ao que ocorre nos Estados Unidos—, o que gerou uma carga maior de esforços individuais. Contudo, este editor independente continua publicando histórias de alta repercussão, apesar do seu baixo orçamento, como por exemplo “La República Marihuanera”, um perfil íntimo do chefe do cartel "La Familia" que ganhou o prestigiado Prêmio de Jornalismo Rei da Espanha.

Dois editores gravemente afetados pela violência —Javier Garza, do El Siglo de Torreón, e Daniel Rosas, do El Mañana de Nuevo Laredo— compartilharam valiosa informação e perspectivas sobre como eles conseguem continuar a cobrir as notícias e coletar informações enquanto tentam minimizar os riscos.

No final do dia, os jornalistas mexicanos e americanos presentes (muitos deles amigos e membros do IRE) trocaram ideias sobre como IRE pode continuar trabalhando com indivíduos e organizações jornalísticas, tais como o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, o Centro Dart, a Sociedade Interamericana de Imprensa e o Centro Internacional para Jornalistas, entre outros, para apoiar o jornalismo investigativo em ambos os lados da fronteira. Entre as ideias que surgiram estão as seguintes: elaborar um arquivo coletivo de documentos judiciais sobre os criminosos mais procurados dos dois lados da fronteira; continuar oferecendo workshops, cursos online e conferências sobre temas transfronteiriços; e construir laços mais fortes com outras organizações para aumentar o apoio aos jornalistas investigativos sob ataque.

IRE continua buscando ideias para iniciativas na fronteira. Escreva um e-mail para Mark Horvit (mark@ire.org) se estiver interessado ou tiver alguma sugestão.

IRE tem uma larga história de trabalho com seus membros mexicanos que atuam na fronteira. Entre 1996 e 1999, IRE iniciou uma operação na Ciudad do México, conhecida como IRE-México, que chegou a ter mais de 200 membros e ofereceu conferências e workshops pela América Latina. Em 1999, IRE-México se tornou uma organização independente sem fins de lucro, a Jornalistas de Investigação, que mais tarde uniu forças com outra entidade mexicana sem fins lucrativos, o Centro de Jornalismo e Ética Pública (CEPET), um grupo que conta com o apoio do Centro Knight. Mais recentemente, IRE patrocinou conferências fronteiriças em Nuevo Laredo (2004), em El Paso (2009) e em Tucson, San Diego e Laredo (2009-2012). O Workshop Arte Luz na capital mexicana, um centro de capacitação jornalístico que pertence e é operado por Blanca Juárez, uma ex-integrante do IRE-México, sediou o evento do último dia 18 de fevereiro.

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