Depois da compra de mais da metade das ações do grupo editorial Epensa, a qual deu ao Grupo El Comercio um controle total de quase 80% do mercado de jornais no Peru, o tema da concentração de mídia se tornou ubíquo – e volátil – no país. Domina o debate público com uma nota ou artigo de opinião novo todos os dias e, na semana passada, os polos opostos da discussão sobre os possíveis efeitos nocivos da transação foram exemplificados pelo desacordo entre o célebre escritor peruano e ex-candidato presidencial Mario Vargas Llosa e seu filho Álvaro.
Através de uma Ação de Amparo apresentada no dia 21 de novembro perante o Tribunal Constitucional da Corte de Justiça de Lima, Peru, oito jornalistas e líderes de mídias contestaram a compra de 54% das ações do setor de impressão e comercialização do grupo editorial Epensa por parte do Grupo El Comercio
Para o jornalista investigativo boliviano Raúl Peñaranda, colunista e ex-diretor do jornal independente Página Siete, o acesso à informação em seu país é bastante limitado.
Mónica Vecco, jornalista investigativa do Peru, denunciou na semana passada cinco pessoas --entre elas políticos e diretores de mídia -- por supostamente invadirem seu e-mail e utilizarem várias mensagens fora de contexto para acusá-la de ajudar um fugitivo a deixar o país. De acordo com a denúncia, as ações eram parte de um plano para denegrir sua imagem e, por extensão, os recentes esforços legislativos e jornalísticos de investigar um suposto caso de corrupção durante o governo do ex-presidente Alan García.
Depois de um acalorado debate durante a 69ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) sobre a compra no Peru de mais da metade das ações da casa editorial Epensa pelo Grupo Comercio, um competidor, o grupo editorial La República anunciou que iniciará um processo por concentração midiática.
O presidente do Peru, Ollanta Humala, promulgou no dia 21 de outubro a Lei de Crimes Informáticos, que penaliza a criação e utilização de bases de dados eletrônicos, entre outras coisas, com até cinco anos de prisão. Vários advogados e organizações de jornalismo criticaram a lei assegurando que ela colocará em risco o direito dos peruanos à liberdade de expressão e informação.
O peruano Maguiña Humberto Espinoza, jornalista e ex- editor de jornais regionais, foi condenado duas vezes por difamação entre os dias 18 e 19 de Setembro, por suas publicações denunciando o governo regional corrupto do Presidente de Ancash, César Álvarez Aguilar. Espinoza foi condenado a dois anos de pena suspensa, 120 dias de serviço comunitário e uma multa de 5.000 soles ( cerca de US $ 2000) , de acordo com o CPJ, Comitê para a Proteção dos Jornalistas.
A Lei de Crimes Informáticos, também chamada ‘nova lei Beingolea’ ou ‘lei Frankestein anti-Internet’ por alguns de seus críticos, foi aprovada quase por unanimidade no Congresso peruano em 12 de setembro. Se for assinada pelo presidente Ollanta Humala, pode por em sério risco o direito à liberdade de expressão e o direito constitucional ao segredo das telecomunicações dos peruanos, como explicou em seu portal a ONG Hiperderecho.
No dia 17 de outubro terá início o julgamento oral que acusa o ex-presidente Alberto Fujimori de malversar quase 44 milhões de dólares dos orçamentos das Forças Armadas peruanas. O dinheiro teria sido utilizado para subornar proprietários de oito tablóides peruanos de imprensa marrom (sensacionalista), os denominados “diários chicha”, para comprar sua linha editorial e colocá-la a serviço de sua terceira reeleição em 2000, informou o procurador adjunto anticorrupção do país, Joel Segura, para a agência Andina.
Após a compra de 54% das ações do setor de impressão e comercialização da Empresa Periodística Nacional S.A (Epensa), o grupo editorial El Comercio consolidou-se como o principal dono de veículos de comunicação do pais. Será que este movimento comercial afeta a liberdade de expressão e do jornalismo no Peru?
Dois jornalistas de televisão peruanos denunciaram que foram fotografados e filmados no dia 21 de junho próximo ao Canal 15 UCV Satelital na cidade de Trujillo, ao norte do país, segundo um comunicado do Instituto Prensa y Sociedad (IPYS).
No Peru, um preso afirmou recentemente que os assassinos do fotógrafo Luis Choy confessaram que o motivo do crime foi uma investigação que o jornalista realizava sobre as supostas conexões de um político com o narcotráfico.