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Mídia do Sudeste e temáticas de saúde, direitos e meio ambiente dominam prêmios de jornalismo no Brasil

Em apenas um ano, jornalistas brasileiros receberam mais de R$ 2,8 milhões em prêmios por seu trabalho. O dado é do relatório publicado recentemente pelo premiosdejornalismo.com, site que cataloga premiações disponíveis para profissionais do Brasil com a ideia de que essas oportunidades contribuem para o fortalecimento da profissão.

Os autores analisaram 98 prêmios concedidos entre 2015 e 2016, concedidos a 1.375 pessoas e 793 trabalhos vencedores.

O perfil do jornalista premiado em 2015 e 2016 é da região Sudeste (48,3% dos prêmios em dinheiro), especialmente de São Paulo (238 profissionais premiados em edições de abrangência nacional), trabalhando individualmente (82,7%) em veículos tradicionais (95,8%) e impressos (28,3%).

“Existe sim uma força muito grande do jornalismo da região sudeste que influencia todo o resto do país. Quantidade de veículos, os valores financeiros que giram, as empresas que financiam, os profissionais, o tamanho da população e até mesmo a oferta de cursos superiores”, comentou um dos criadores do site, Gustavo Panacioni, que também destacou premiações regionais de jornalismo no Rio Grande do Sul, que proporcionam mais oportunidades para repórteres do estado.

O site mapeou ainda os assuntos mais recorrentes nas reportagens. Os cinco mais abordados foram Saúde (12,41%), Direitos (10,14%) e Meio Ambiente (9,62%), excluindo-se prêmios que aumentam o peso de alguns temas. Dentro das principais categorias, os pesquisadores encontraram ainda os subtemas mais utilizados: Drogas e Saneamento (20,3% cada na área de Saúde), Direitos Humanos (30,6% na área de Direitos) e Práticas Sustentáveis (46,3% dos trabalhos de Meio Ambiente).

“Perceber, por exemplo, que matérias sobre direitos humanos e acesso à justiça são as mais premiadas no tema "direitos", nos traz algumas dicas de assuntos recorrentes no Brasil. A tragédia em Mariana é outro exemplo do período que analisamos: aparece em terceiro lugar no tema "meio ambiente"”, disse Panacioni.

Para quem deseja se inscrever em uma premiação, o relatório pode ser uma fonte útil de dicas, principalmente quanto à sazonalidade das inscrições. Segundo o levantamento, entre agosto e novembro a maior parte dos prêmios encerra seu prazo.

O jornalista explica que o objetivo do relatório é começar “a registrar anualmente esse vasto mercado de prêmios de jornalismo para criarmos análises cada vez mais aprofundadas”. Nesse contexto, um dos dados mais importantes é o valor concedido em prêmios em dinheiro, que pode ajudar o trabalho de freelancers e iniciativas independentes de jornalismo, de acordo com Panacioni.

“[O valor] dá um panorama interessante de como os prêmios podem funcionar como forma direta de apoio financeiro para o nosso mercado, que enfrenta crises constantes, precarização e renovações desde o século passado. Claro que não há viabilidade de o profissional passar a viver de valores de prêmios de jornalismo, mas acredito que em alguns casos há um apoio fundamental”, analisou Panacioni.

Panacioni informou que, até agora em 2017, pelo menos 127 oportunidades foram cadastradas pelo site, 14 a mais do que em todo o ano passado. O jornalista acredita que, para o próximo relatório, o número de premiações pode chegar a 130 - um aumento considerável.

“Todos esses números que conseguimos evidenciar nos 98 prêmios pesquisados dão uma ideia de que as oportunidades vão além do Esso (agora Exxonmobil - e em pausa por tempo indeterminado) ou do Embratel”, disse ele, citando dois dos mais tradicionais prêmios do país.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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