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Dois jornalistas são assassinados em Tamaulipas e Oaxaca, no México, em menos de 24 horas

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  • 21 junho, 2016

Por Teresa Mioli e Yenibel Ruiz

Menos de 24 horas após a morte de um jornalista em Oaxaca, uma repórter no estado de Tamaulipas foi assassinada por um grupo de homens armados. Ela é o oitavo jornalista assassinado no México neste ano.

Na manhã do dia 20 de junho, a jornalista e professora Zamira Esther Bautista, 44, foi baleada dentro do carro em frente à sua casa em Ciudad Victoria, capital do estado de Tamaulipas, no nordeste do México.

De acordo com o portal de notícias Proceso, Bautista era uma jornalista freelance e professora, mas anteriormente havia trabalhado nas colunas sociais dos jornais El Mercurio e La Verdad de Ciudad Victoria.

Um cartão foi deixado com a jornalista na tentativa de vinculá-la a membros de um grupo criminoso na cidade, de acordo com um comunicado do governo do estado. A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), explicou que estes tipos de notas são comuns na cidade e no estado “como forma de tentar desacreditar os cidadãos e justificar ‘ajustes de contas’.”

O assassinato de Bautista ocorre apenas um dia após o de Elidio Ramos Zárate, que foi morto em Oaxaca enquanto fotografava um roubo em andamento em uma loja de conveniência, segundo a publicação El Universal. Zárate estava cobrindo os intensos confrontos entre a polícia e os professores naquele estado.

Ramos Zárate trabalhava no El Sur, um periódico no Istmo de Tehuantepec, uma região do estado de Oaxaca ao sul do México. Naquele estado, os professores têm protestado contra reformas há cerca de uma semana.

O assassinato de Ramos Zárate foi o sétimo caso de um jornalista assassinado no México e o terceiro em Oaxaca, somente neste ano. Marco Hernandez Bautista, de Noticias Voz e Imagem, e o locutor de rádio comunitária Reynel Martinez Cerqueda foram mortos em 21 e 22 de Janeiro, respectivamente.

Nos protestos em Oaxaca, a violência atingiu o seu pico em 19 de junho, quando a polícia tentou desobstruir um bloqueio na estrada em Nochixtlán, onde as autoridades disseram mais tarde que seis pessoas morreram. Ramos Zárate foi assassinado na vizinha Juchitán. Nos relatos da mídia e nos do governo, a violência em Oaxaca tem sido atribuída a diferentes fontes, incluindo manifestantes, autoridades ou pessoas não relacionadas com as manifestações.

Ivonne Flores, chefe de redação do El Sur, disse em entrevista à Rádio Fórmula que falou com Ramos Zárate por telefone pouco depois do meio-dia, e ele disse que iria “cobrir o evento da queima dos ônibus que estavam no bloqueio mantido pelo professorado” em Juchitán. Lá, ele foi morto em torno das 4 da tarde, segundo Flores.

A jornalista também denunciou que não há condições para trabalhar no estado de Oaxaca, de acordo com o portal Animal Político. “Estamos expostos a tudo [...] e não podemos fazer nosso trabalho, não podemos livremente tirar uma foto, cobrir o material como deveria ser, para manter a sociedade informada, que é o que nós realmente fazemos”, disse Flores, de acordo com o portal.

A Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) do México lamentou a morte do jornalista e os feridos durante os atos de violência ocorridos em 19 de junho, em vários municípios no estado de Oaxaca. A CNDH informou em um comunicado que “fará sua investigação com toda a objetividade”.

Enquanto isso, os jornalistas da região do Istmo de Tehuantepec condenaram nas redes sociais o crime contra o jornalista e “exortaram as autoridades de justiça de Oaxaca a esclarecer os fatos”, segundo o jornal La Jornada.

A Rede de Jornalistas do Nordeste divulgou uma declaração sobre os assassinatos de Ramos Zárate e Bautista, exortando o governo a punir os responsáveis e acabar com a impunidade por crimes contra jornalistas no país, conforme relatado por Vanguardia.

“Os crimes continuam a ocorrer apesar das ineficazes leis destinadas a proteger os comunicadores porque a maioria dos assassinatos não são resolvidos e os autores, materiais e intelectuais, permanecem impunes”, disse o comunicado do grupo.

A SIP reiterou tais clamores por justiça.

“Nossa organização está extremamente alarmada com o risco enfrentado por jornalistas no país, especialmente nos estados do interior,” disse Claudio Paolillo, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da organização, de acordo com um comunicado. “Os violentos eventos no México são impostos através de assassinato, enquanto que a impunidade protege-os. O Estado tem o dever de acabar com o ciclo doentio de violação aos direitos humanos.”

Em janeiro deste ano, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) destacou que os estados de Oaxaca e Veracruz são os mais violentos e perigosos para o exercício do jornalismo no México.

Em 2015, o México registrou ataques contra jornalistas a cada 22 horas, de acordo com o relatório anual sobre liberdade de expressão realizado pela organização Artigo 19. Treze jornalistas foram assassinados em Tamaulipas entre 2000 e 2015, de acordo com a referida organização. Outros seis jornalistas desapareceram entre 2003 e 2015.

 

[Nota da editora: A versão anterior deste artigo publicou o nome do jornalista assassinado em Oaxaca como sendo Elpidio Ramos Zárate. Seu nome é Elidio Ramos Zárate.]

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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