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Ex-paramilitares não serão beneficiados com sentenças reduzidas em relação a ataque contra jornalista colombiana Jineth Bedoya

A Suprema Corte de Justiça da Colômbia confirmou a exclusão dos benefícios oferecidos pela Lei de Justiça e Paz a dois ex-chefes paramilitares por considerar que eles não disseram a verdade na investigação sobre o caso de sequestro, tortura e violência sexual contra a jornalista Jineth Bedoya Lima, ocorrido há 17 anos, informou o jornal El Tiempo.
A recente decisão da Suprema Corte confirmou a sentença de agosto de 2016 da Sala de Justiça e Paz do Tribunal Superior de Bogotá, que decidiu excluir Mario Jaimes Mejía, conhecido como 'El Panadero', e Alejandro Cardenas Orozco, ou 'JJ', por considerar que, conforme reportou o jornal El Espectador na época, "evidentemente mentiram quando narraram sua participação e conhecimento dos fatos em relação ao plano para sequestrar a jornalista."
Lei de Justiça e Paz, ou Lei 275 de 2005, foi aprovada no âmbito do processo de paz realizado entre o governo e o grupo paramilitar Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC). Alguns dos benefícios oferecidos pela lei incluem a possibilidade de pagar uma pena alternativa de oito anos de prisão, em lugar das penas mais longas que poderia dar a Justiça comum.
Na decisão deste 9 de agosto, a Suprema Corte declarou que quem quiser se beneficiar das penas alternativas deve "em todos os momentos dizer a verdade, não só sobre os fatos dos quais tomou parte como autor ou partícipe, mas também sobre aqueles dos quais tomou conhecimento durante o exercício de sua actividade à margem da lei", acrescentou El Tiempo.
Bedoya Lima foi sequestrada, torturada e estuprada enquanto realizava um trabalho jornalístico na prisão Modelo de Bogotá, no dia 25 de maio de 2000, onde entrevistaria um ex-chefe paramilitar.
Tanto Jaimes Mejía como Cardenas Orozco disseram em suas primeiras declarações à Justiça que não tinham tido qualquer participação nos crimes cometidos contra a jornalista. No entanto, mais tarde, mudaram sua versão e admitiram seu envolvimento.
Uma vez divulgada a decisão da Suprema Corte, Bedoya escreveu em sua conta no Twitter: "Agradeço de coração suas mensagens e apoio. Agora, seguimos! Temos muito que fazer e sonhar. #NãoÉHoraDeCalar #SeValeSerFeliz".
No dia 18 de março de 2016, Jaimes Mejía foi condenado a 28 anos de prisão depois de ter se declarado culpado pelas acusações de sequestro simples, tortura e relação sexual violenta contra Bedoya Lima. Durante a audiência, ele também pediu perdão à jornalista por suas ações.
Em fevereiro de 2016, Cardenas Orozco se tornou o primeiro condenado neste caso e recebeu 11 anos e 5 meses de prisão pelos crimes de sequestro simples e tortura. O ex-paramilitar não aceitou a acusação de ato sexual violento, razão pela qual continua sendo julgado e poderia receber uma nova sentença, informou El Tiempo.
Em uma conversa com o Centro Knight em outubro de 2016, Bedoya Lima afirmou que pelo menos 27 pessoas estiveram envolvidas no crime, mas que apenas três foram levadas à Justiça e duas foram condenadas.
A jornalista também expressou frustração porque as pessoas diante da Justiça estão relacionadas com a autoria material do crime, mas não houve avanços no indiciamento dos autores intelectuais, que supostamente incluem agentes do Estado colombiano.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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