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Inteligência militar colombiana hackeia comunicação entre jornalistas e FARC em Cuba

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  • 14 fevereiro, 2014

Por Diego Cruz

Enquanto fazia negociações de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) em Cuba, o governo colombiano espiou comunicações entre porta-vozes do grupo e jornalistas internacionais que cobriam o evento, de acordo com Univisión.

Ao menos 2.638 e-mails foram interceptados por hackers da inteligência militar colombiana entre os porta-vozes das FARC, Hermes Aguilar e Bernardo Salcedo, e jornalistas de diversos meios internacionais, incluindo AP, Reuters, Notimex, Prensa Latina, EFE e outros, bem como dos veículos colombianos El Tiempo e Caracol Radio.

Univisión teve acesso a e-mails de 38 jornalistas e veículos, cujo conteúdo era principalmente pedidos de informação e entrevistas.

Ao menos dois jornalistas, Sagrario García-Mascaraque da Televisão España e Marisol Gómez Giraldo do Tiempo de Bogotá, confirmaram o conteúdo de vários de seus e-mails e se mostraram indignados.

“Não deveria me surpreender porque agora todos o fazem, Estados Unidos com chefes de Estado, mas me incomoda e me deixa com raiva que violem assim a privacidade”, disse García-Mascaraque a Univisión.

Uma investigação da revista Semana já havia revelado que o exército colombiano tinha um centro de inteligência em Bogotá atrás de uma fachada de restaurante que interceptava e-mails e outras comunicações.

Vicente Pimienta, especialista de segurança na Internet, disse a Univisión que este tipo de ação não está limitada a Colômbia e Cuba, mas é parte de um padrão global. Também mencionou outro problema: os hackers militares podem ter invadido computadores de jornalistas e obtido mais e-mails do que apenas aqueles relacionados às negociações.

De acordo com Ignacio Gómez, presidente da Fundação para a Liberdade de Imprensa, estas ações têm um impacto negativo no exercício do jornalismo na Colômbia, segundo o El País.

“Este tipo de interceptação afeta um dos valores mais importantes para o exercício do jornalismo que é a confiança da fonte nos jornalistas”, disse Gómez.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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