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Jornalistas do 10º Fórum de Austin fazem chamado à solidariedade diante da violência endêmica na América Latina

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  • 21 Maio, 2012

No quinto painel do 10º Fórum de Austin de Jornalismo nas Américas, moderado por Mónica González, diretora do Centro de Investigación Periodística (CIPER) no Chile, abordou-se a "Violência Endêmica contra os jornalistas e meios na América Latina" e a necessidade de que os jornalistas realizem alianças com ONGs, trabalhando em compromissos a longo prazo. Também se enfatizou a necessidade de uma maior solidariedade entre os jornalistas.

González fez um chamado para que os jornalistas sejam auto-críticos, honestos e se entendam mutuamente para sair da "situação de emergência que estamos vivendo na América Latina". Ele também ressaltou que "os jornalistas assassinados hoje em dia estão sendo silenciados da maneira mais absoluta e solitária de todas".

O diretor do escritório para as Américas da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Benoît Hervieu, apresentou cinco recomendações para superar a violência contra os jornalistas e a impunidade. A primeira é "prestar especial atenção em jornalistas em zonas de conflito" e "sobretudo em jornalistas mais vulneráveis que não contam com o apoio veículos formalmente estabelecidos". A segunda recomendação é criar um documento de referência para enfatizar que os jornalistas trabalham com a finalidade de aumentar a liberdade de informação. Para evitar a infiltração prejudicial nos meios - incluindo a infiltração governamental - os jornalistas devem desenvolver um enfoque pluralístico para informar. A terceira recomendação é levar em conta as críticas contra os meios, incluído o apoio e o financiamento dos mesmos, de modo que haja um "equilíbrio real de um entorno mais plural". A quarta recomendação é oferecer treinamento específico para a cobertura do conflito armado ou do tráfico de drogas. A última é promover um regime jurídico para o direito a informar, por meio de uma iniciativa de cooperação interamericana. "Precisamos de um pacto de solidariedade maior em nossa profissão", disse Hervieu.

Zuliana Lainez, representante da Federação Internacional de Jornalistas (FIP), também defendeu a necessidade de cooperação entre os jornalistas. Segundo estudos, os lugares onde a violência contra jornalistas é mais notória também são lugares onde as organizações jornalísticas são mais frágeis". "Na FIP, entendemos que ninguém pode ter liberdade, muito menos um jornalista, se está trabalhando em um ambiente de temor e corrupção". Laínez salientou que a concentração da propriedade da mídia e da opinião pública representam grandes ameaças à liberdade de expressão, assim como o extermínio do movimento sindical.

Para Joel Simon, diretor executivo do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ na sigla em inglês), a criação do índice de impunidade global ajudou a diminuir os crimes contra jornalistas em alguns casos, mas não em todos. Por exemplo, na Rússia, a iniciativa ajudou a criar pressão internacional de países amigos, o que levou o índice russo cair. Por outro lado, no Brasil o assassinato de jornalistas continua crescente. "Conseguimos aumentar a consciência internacional e chamar a atenção dos governos, mas não conseguimos que os governos trabalhem de fato para combater a impunidade", afirmou Simon.

Ricardo Trotti falou do papel dos meios diante desta situação endêmica. De acordo com o diretor da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), as organizações não governamentais deveriam ajudar a mídia a gerar uma opinião geral na sociedade em vez de ter o papel principal. "Quando algo acontece a um jornalista, temos que falar do fato como falamos de Whitney Houston, por exemplo", porque então "começaremos a romper com a impunidade e a pedir justiça, no lugar de reformar instituições formais dentro dos países".

A edição de 2012 do Fórum aborda o tema "Segurança e proteção para jornalistas, blogueiros e jornalistas cidadãos" e é organizada pelo Centro Knight e pelos programas para a América Latina e de mídias das Fundações Open Society. Mais do que uma conferência anual, o Fórum de Austin é uma rede de organizações voltada para o desenvolvimento da mídia na América Latina e no Caribe. Nas edições anteriores do evento, foram abordados temas como a cobertura da migração nas Américas e a cobertura do tráfico de drogas e do crime organizado na América Latina e no Caribe.

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