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Jornalistas vítimas de violência sexual silenciam por medo de serem vistos como vulneráveis no trabalho, diz pesquisa do CPJ

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  • 8 junho, 2011

Por Ian Tennant

Um relatório divulgado na terça-feira 7 de junho de 2011 pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) revela que repórteres vítimas de violência sexual relutam em denunciar as agressões por medo de serem vistos no trabalho como "vulneráveis" e, por isso, deixados de fora de certas coberturas.

Pela primeira vez em muitos dos casos, 52 jornalistas de ambos os sexos e de diversos países conversaram abertamente com o CPJ sobre a violência sexual que sofreram, de assédio verbal a estupro. Muitos dos 27 repórteres locais e dos 25 correspondentes só tinham falado sobre o assunto com familiares e amigos - ou nem isso.

Como ressaltou Lauren Wolfe, responsável pela pesquisa, o caso da jornalista Lara Logan incentivou profissionais "do mundo todo a começar a falar". A correspondente da rede de TV americana CBS discutiu publicamente o estupro que sofreu na Praça Tahrir, em Cairo, durante as manifestações no Egito, em fevereiro de 2011.

O relatório começa com a história de Jineth Bedoya, estuprada em maio de 2000 ao tentar entrevistar o chefe de um grupo paramilitar para o jornal El Espectador, de Bogotá, na Colômbia. Bedoya, que levou o caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), contou ter denunciado a agressão na esperança de encorajar outros jornalistas a buscar Justiça.

Segundo o CPJ, as vítimas não falam sobre os casos por diversas razões, mas principalmente porque "temem serem vistos como vulneráveis" por seus editores e não mais escolhidos para certas coberturas.

Comparando os casos de violência sexual contra jornalistas a ataques contra a liberdade de imprensa, Bruce Shapiro, diretor executivo do Dart Center for Journalism & Trauma, disse: “Se quer que os jornalistas estejam seguros e sejam eficientes, possibilite que eles façam seu trabalho de forma segura e eficiente. Só podemos fazer isso ao confrontarmos os riscos reais".

Além do relatório, o CPJ incluiu uma seção sobre "agressão sexual" em seu guia de segurança. Sugere-se que os jornalistas se vistam de maneira adequada, viajem em grupo e pesquisem os costumes das regiões que não conhecem.

Este blog é produzido pelo Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, na Universidade do Texas em Austin, e financiado pela John S. and James L. Knight Foundation

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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