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Plaza Pública, da Guatemala, lança manual com seus métodos de investigação, protocolos de segurança e experiência jornalística

O site de jornalismo investigativo guatemalteco Plaza Pública lançou recentemente um manual de jornalismo e protocolos de segurança para jornalistas que resume o aprendizado de seus primeiros seis anos de experiência jornalística.

(Reprodução)

"Decidimos fazer o manual [no início de 2017], pois Plaza Pública já tinha adquirido uma certa maturidade em seus procedimentos e processos e necessitávamos, por um lado, ordená-la para que ficasse claro como trabalhamos", disse ao Centro Knight o jornalista espanhol Enrique Naveda, coordenador-geral e co-fundador de Plaza Pública.

Ele explicou que eles pensaram na realização do documento como uma ferramenta catalisadora que lhes permitiria acelerar os processos de aprendizagem de uma maneira ordenada e sistematizada para aqueles que chegam pela primeira vez à equipe. Além disso, de acordo com Naveda, é um texto que poderia ser muito útil para pesquisadores e jornalistas da região em geral, pelas estruturas institucionais afins dos países vizinhos, e também a jornalistas estrangeiros que querem fazer investigações na América Central.

"Assim investigamos (e assim nos cuidamos)" é o nome do manual que Praça Pública desenvolveu sobre investigação jornalística tradicional, métodos de utilização de registros públicos para investigar e como trabalhar com dados. Também explica os processos editoriais, organizacionais, divulgativos internos de Plaza Pública e seus mecanismos de controle de qualidade.

Além disso, como meio que faz jornalismo investigativo, no manual eles também compartilham sua experiência com protocolos de segurança que aplicam para realizar suas reportagens e informes. Nesse sentido, o texto inclui protocolos de segurança para aqueles que estão em zonas de conflito, como denunciar agressões ou intimidação de jornalistas por outros, como para cobrir o crime organizado, assuntos civis e desastres ambientais. Também inclui um guia de proteção para mulheres jornalistas.

O manual traz o passo a passo de como obter informações, não apenas com base na teoria de como se investiga, e, portanto, inclui em detalhes como investigar nos arquivos públicos da Guatemala. Naveda disse que, com a explicação dada no manual, qualquer pesquisador pode obter informações sobre uma pessoa, suas propriedades, suas redes ou estabelecer se possuem testas-de-ferro, entre outros dados. "Para nós, os dados são o ponto de partida, não é o ponto de chegada", disse o coordenador-geral de Plaza Pública.

Os textos ficaram por conta do jornalista investigativo independente Asier Andrés. "Nos pareceu oportuno que ele viesse e entrevistasse toda a equipe de Plaza Pública sobre como trabalhamos, que coletasse estes aprendizados, os sintetizasse e implementasse com o conhecimento extra que ele tinha", disse Naveda. "Nós usávamos métodos um pouco distintos e ele nos ajudou a filtrar e aperfeiçoar e encontrar certos vieses de pesquisa que ele acrescentou ao seu conhecimento", disse ele.

Em grande medida, disse Naveda, este manual é "um ideal de guia" que inclui a experiência de Plaza Pública. "O trabalho superou nossas expectativas", disse Naveda.

A redação do manual foi concluída no fim de 2017, levando os meses seguintes para sua diagramação e posterior impressão. A versão em PDF do texto foi publicada em 4 de julho no site e não foi divulgada até setembro, quando os primeiros mil exemplares foram impressos. Estes foram em grande parte distribuídos entre estudantes de jornalismo, jornalistas regionais e professores universitários da Guatemala.

Outro objetivo de Plaza Pública ao publicar o manual responde à convicção do meio de que todas as informações de interesse público devem ser compartilhadas gratuitamente para que os cidadãos possam tomar suas próprias decisões. Além disso, o manual também compartilha a experiência adquirida através de seu programa de formação para estudantes universitários de jornalismo e a formação de jornalistas regionais que eles acabaram de lançar este ano.

O meio digital Plaza Pública nasceu no início de 2011 como uma iniciativa de um grupo de jornalistas, com o apoio da Universidade Rafael Landívar. Segundo seu primeiro editorial, o objetivo da criação do site era contribuir para a construção e defesa de uma democracia sólida e vigorosa, com ética e justiça social.

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