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Presidente da Argentina anuncia processo contra Clarín e La Nación e projeto para regular produção de papel

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  • 24 agosto, 2010

Por Maira Magro

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, anunciou que os advogados da União vão entrar com uma ação na Justiça acusando os dois maiores jornais do país, Clarín e La Nación, de se apropriarem ilegalmente da fábrica de papel-jornal Papel Prensa durante a ditadura militar (1976-1983), relataram a agência oficial de notícias Télam e a Agência Estado. O anúncio foi feito na noite de terça-feira, 24 de agosto, em um ato na Casa Rosada, a sede do Poder Executivo.

Na ocasião, Cristina apresentou um relatório acusando os dois jornais de comprar a Papel Prensa, em 1976, mediante pressões e crimes de lesa-humanidade. A maior produtora de papel-jornal do país funciona atualmente como uma conturbada sociedade entre o Estado argentino e os jornais Clarín e La Nación.

Cristina também anunciou que irá enviar ao Congresso um projeto de lei para declarar a produção de pasta de celulose e de papel para jornais uma atividade de "interesse público", afirmou o Clarín. O termo, explica a Agência Estado, permite que o governo fixe o preço do produto, cotas de produção, benefícios fiscais e até restrições sobre a composição da sociedade ou operações de compra e venda de ações da empresa. Cristina alegou que a Papel Prensa vem privilegiando seus acionistas majoritários (Clarín e La Nación) em detrimento dos demais jornais, através de práticas desleais de comércio.

Segundo a presidente, o projeto de lei também irá propor uma Comissão de Seguimento, para que os legisladores participem da criação de um marco regulatório sobre o uso do papel para jornais e participem de reuniões da diretoria da Papel Prensa, acrescenta a Télam.

Os dois jornais negam veementemente qualquer irregularidade na compra da companhia, denunciam que estão sendo perseguidos e afirmam que o relatório do governo argentino é confuso e cheio de errosJornais de diversos países criticaram o governo argentino por ameaçar a liberdade de imprensa no país, afirmou o Clarín. A Sociedade Interamericana de Imprensa divulgou um comunicado classificando como "inconstitucional" a intenção do governo argentino de controlar a produção de papel-jornal.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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