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Presidente da Globovisión nega acusações de Chávez e diz que não se entrega à Justiça

Guillermo Zuloaga, presidente da Globovisión, acusou o presidente Hugo Chávez de ordenar sua prisão para silenciar as críticas de sua emissora ao governo venezuelano, informou a Associated Press.

Na sexta-feira, um tribunal de Caracas determinou a prisão de Zuloaga. Agentes do serviço de inteligência venezuelano foram até sua residência mas não o encontraram, e ele permanece em local desconhecido, relatou o Terra.

Zuloaga, que também é dono de várias concessionárias de veículos, é acusado de usura e formação de quadrilha num processo envolvendo veículos "mantidos de forma irregular" em uma de suas residências. Em março passado, Zuloaga foi acusado de divulgar informações falsas e ofender Chávez em declarações públicas, lembrou o Terra.

Em seu programa "Alô Presidente", Chávez disse que "a justiça deve ser igual para todos", e ordenou que Zuloaga comparecesse aos tribunais para se defender ao invés de "fugir", relatou El Universal. "É só emitir um mandado de prisão contra um burguês para saltarem e dizerem que esta é a tirania de Chávez... Começam todos na Espanha e não sei mais onde a dizer que é Chávez quem o persegue", declarou o presidente.

Após a suspensão, em janeiro, das transmissões por cabo e satélite da RCTV, outro canal anti-Chávez, a Globovisión é o único canal de oposição ao governo que ainda vai ao ar. O mandado de prisão de Zuloaga reanimou o debate sobre liberdade de expressão na Venezuela. O Comitê de Proteção aos Jornalistas manifestou sua preocupação sobre o caso e advertiu que "se o governo está usando o processo contra Zuloaga como pretexto para silenciar e intimidar o único canal de TV opositor ao governo, os direitos dos cidadãos à informação serão severamente restringidos, informou a Globovisión.

Guillermo García Ponce, diretor do Diario Vea, jornal aliado ao governo, acusou Zuloaga de distorcer os fatos e de tentar manipular a mídia internacional simulando estar sendo perseguido por seus ideais e não por seus crimes, segundo afirmou em entrevista divulgada pela Agência Bolivariana de Noticias.

O incidente se soma à pena de três anos e nove meses de prisão dada ao jornalista Francisco Perez, acusado de insultar um funcionário público. Perez foi processado pelo prefeito de Valência logo após ter escrito em sua coluna no jornal El Carabobeño que parentes dele ocupavam altos cargos municipais. O jornalista, que recebeu liberdade condicional, foi desqualificado "profissionalmente e politicamente", disse a AFP. A decisão foi duramente criticada pela mídia venezuelana e associações profissionais, que consideram a sentença um atentado à liberdade de expressão.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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