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Reportagens criminais em Honduras carecem de análise por insegurança dos jornalistas

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  • 29 outubro, 2013

Por Alsha Khan

Reportagens superficiais de crimes que se baseiam em fotos com sangue e similares, mas carecem de explicações sobre tais fotos, têm se tornado comum entre as mídias de Honduras. A Fundação MEPI, um projeto regional de jornalismo investigativo localizado na Cidade do México, diz que sua análise de conteúdo e entrevistas com repórteres e editores indicam vários motivos por trás dessa tendência crescente: a ausência de uma implementação de mecanismos de segurança entre o governo e a mídia para a proteção dos jornalistas, pouco acesso em tempo útil a relatórios oficiais pelas autoridades, e medo de retaliação, caso as histórias exibam muito contexto ou uma percepção aprofundada.

Jornalistas em Honduras, por exemplo, evitam escrever sobre atividades do grupo de crimes organizados Los Cachiros e similares devido aos perigos associados às reportagens sobre tais assuntos.

Los Cachiros, um grupo de crime organizado liderado pelos irmãos e ex-ladrões de gados Javier e Leonel Rivera Maradiaga, que era conhecido somente por alguns hondurenhos até recentemente, supostamente escolhe candidatos políticos e tem uma relação próxima com a polícia local, de acordo com o escritório de Controle dos Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos (OFAC, em inglês).

Um jornal finalmente tomou o primeiro passo e escreveu sobre os irmãos Maradiaga e a sua organização. "Nós publicamos (a história) porque os Estados Unidos deram informações", explicou, sem hesitar, o editor local do jornal que pediu para não ser identificado no artigo original. "Para investigar tais assuntos neste país é muito difícil. Nós não podemos nos arriscar. Além disso, nenhuma autoridade local fornece evidências".

Organizações criminais mexicanas como os Zetas, Sinaloa e os cartéis do Golfo têm estado presentes em Honduras por algum tempo. O país também tem sido atormentado por outros grupos perigosos do crime organizado, como os bandos criminosos colombianos Rastrojos e Urabenos, Maras ou gangues de jovens organizados como o MS13 e Mara 18, e outros.

Atingido por níveis críticos de corrupção institucional e agências ineficazes de aplicação da lei, MEPI observa que "Honduras se tornou o local ideal de transporte para traficantes internacionais de droga". Com 91 assassinatos em cada 100 mil habitantes, Honduras é agora o país com a maior taxa homicício no mundo.

"O país também apresenta um dos maiores números de jornalistas mortos ou assassinados entre país que não está em guerra", escreveu o MEPI.

O problema surge quando hondurenhos pegam um jornal e acabam com muito pouca compreensão sobre o que está acontecendo de fato em seu país, disse a MEPI. A mídia não apresenta um contexto detalhado ou explicação, ao invés disso, utiliza imagens sangrentas e apelativas, sensacionalizando histórias de crime. Mídias locais escrevem essas histórias propositadamente, como um mecanismo de defesa, devido ao medo enraizado em repórteres e editores locais, de acordo com entrevistas e revisões da MEPI de vários jornais em Tegucigalpa e San Pedro Sula.

Jornalismo analítico e explicativo também é difícil de se produzir devido à falta de informações ou estatísticas do governo em relação à violência e atividades criminais, em parte pela suposta relação ilegal entre agências governamentais e organizações criminais, disse a MEPI.

Clique aqui para ler a história completa publicada pela Fundação MEPI.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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