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Segundo jornalista morre em Oaxaca, México, em uma semana; foi atropelado pela polícia

Salvador Olmos García, um apresentador de rádio comunitária de 31 anos de idade, morreu depois de ser atropelado por um carro da polícia em Huajuapan de León, Oaxaca, em 26 de junho.

Poucos dias antes, o repórter Elidio Ramos Zárate foi morto em Juchitán, no mesmo estado, em 19 de junho. Naquele dia, ele estava cobrindo os protestos dos professores em Oaxaca que se tornaram violentos em virtude dos confrontos entre policiais, manifestantes e outros envolvidos.

Há relatos conflitantes sobre a morte de Olmos García.

Promotores disseram que Olmos García foi detido pela polícia depois de pintar grafites em um monumento na cidade, conforme relatado pela AFP. Enquanto estava sendo transferido para a promotoria, as autoridades disseram que Olmos García tentou fugir e foi atropelado por policiais que estavam tentando voltar a prendê-lo. Mais tarde, ele morreu em um hospital.

No entanto, a organização de liberdade de expressão Artigo 19 citou uma pessoa na estação de rádio onde Olmos García colaborava dizendo que ele tinha sido "interceptado pela polícia municipal" quando estava a caminho da estação de rádio, na manhã de domingo.

A pessoa mencionou que testemunhas haviam dito que Olmos García foi levado, e que os policiais levaram seus pertences.

"Eu imagino que bateram nele e ele começou a fugir. Eles entraram no carro de patrulha, seguiram-no e o atropelaram. A versão dos vizinhos é que eles o atropelaram e depois chutaram ele", disse a pessoa.

Um profissional da estação de rádio disse ao Artigo 19 que no fim da noite de 25 de Junho, eles estavam cientes de que havia "dois caminhões circulando em torno da Normal (Escola), onde fica a estação de rádio. Eles vieram como civis, mas nós sentimos que eles eram da Polícia Federal. Pessoas se reuniram, eles formaram barricadas. Em seguida, o assunto morreu. Nosso colega nunca veio."

Olmos García era apresentador de rádio no Tu Un Ñuu Savi para o programa "Pitaya negra", transmitido a partir da Escola Normal Experimental Huajuapan e "dirigido a várias questões sociais e culturais, incluindo a luta dos povos contra a mineração e pela proteção ambiental", de acordo com a Artigo 19. A estação estava cobrindo os protestos dos professores e a subseqüente violência no estado, acrescentou a organização.

Segundo o site da estação de rádio, ela pertence à seção 22 da Coordinadora Nacional de Trabajadores de la Educación. A CNTE tem protestado em Oaxaca contra as reformas educacionais por semanas. Em 19 de junho, em Noxchixtlán, durante as tentativas das autoridades para eliminar obstáculos criados pelos manifestantes, pelo menos oito pessoas morreram.​

Proceso informou que a Defensoria dos Direitos Humanos do Povo de Oaxaca (DDHPO) pediu que as autoridades locais investigassem o caso.

Quadratín relatou que houve manifestações pacíficas e violentas em decorrência da morte de Olmos García, incluindo uma tentativa de destruir o monumento na cidade no qual a polícia disse que Olmos García estaria grafitando.

O prefeito de Huajuapan de León disse que tirou os policiais das ruas devido a ameaças, conforme relatado por Milenio.

Um comunicado de imprensa da cidade de Huajuapan de León anunciando a morte disse que um policial havia sido detido e colocado à disposição dos promotores. Ele também pediu ordem na cidade.​

De acordo com o Artigo 19, entre 17 e 21 de junho, houve 16 ataques contra jornalistas em Oaxaca e Cidade do México, e 11 destes foram cometidos por "elementos de segurança pública." A organização pediu uma investigação completa e para que as autoridades usassem o trabalho jornalístico de García como principal linha de investigação.​

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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