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ELN liberta jornalistas detidos em Catatumbo, na Colômbia

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  • 26 junho, 2017

Por Silvia Higuera e Teresa Mioli

Depois de ficarem detidos por seis dias, dois jornalistas holandeses foram libertados no dia 23 de junho pelo Exército de Libertação Nacional (ELN) da Colômbia.

O jornalista Derk Johannes Bolt e o operador de câmera Eugenio Ernest Marie Follender foram sequestrados no dia 17 de junho no município de El Tarra, no departamento de Norte de Santander. A dupla trabalha para o programa holandês "Spoorloos", e estava produzindo uma reportagem sobre as "famílias biológicas de crianças colombianas adotadas por europeus," de acordo com a Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP).

A Rádio Nacional Patria Libre, estação de rádio oficial do ELN, postou uma mensagem no Twitter na tarde de 23 de junho informando que os jornalistas haviam sido libertados. No entanto, algumas horas depois, a estação de rádio escreveu que não tinha sido capaz de confirmar a notícia a respeito da liberação. A emissora pediu desculpas e disse que os jornalistas estavam em "perfeitas condições e que em pouco tempo haveria um resultado positivo".

No final da noite de sexta-feira, 23 de junho, um representante do escritório colombiano publicou fotos no Twitter dos jornalistas com membros do escritório e membros do ELN. Segundo o representante colombiano, os jornalistas teriam sido entregues pelo ELN a uma comissão em uma área rural da região de Catatumbo.​

A rede Deutsche Welle noticiou que o ministro das Relações Exteriores da Holanda, Bert Koenders, confirmou a informação em 24 de junho e disse que os jornalistas "estão se sentindo muito bem considerando as circunstâncias".

Em 24 de junho, o ELN divulgou uma declaração oficial sobre os jornalistas. A nota afirmou que quando os dois homens foram encontrados e capturados em El Tarra, o grupo havia aumentou suas operações de controle na área devido à "grande ameaça de guerra expressada pelo governo de Juan Manuel Santos contra a área de Catatumbo". A nota oficial acusou o governo nacional de conduzir ações repressivas na região, que teriam causado aumento no número de casos de violações aos direitos humanos.

Um dos jornalistas detidos, Derk Johannes Bolt, disse à Rádio Caracol que a dupla inicialmente pensou que eles estavam sendo roubados. Bolt disse que eles foram transferidos com frequência, incluindo uma estadia na selva para fugir do Exército.

"Foi muito difícil, mas as pessoas que nos capturaram foram muito gentis e nos trataram com muito respeito, quase como amigos," disse Bolt, de acordo com a Rádio Caracol. O jornalista disse que os dois estavam bem, fisicamente e psicologicamente.

Bolt disse que eles não continuariam seu trabalho jornalístico na região.

"Nós nunca pensamos que isso poderia acontecer porque ninguém nos contou que não podíamos atravessar a área. Foi uma lição e um grande erro nesses 25 anos de trabalho", disse Bolt.

A abdução desses jornalistas foi considerada um revés para a mesa de negociações que o governo está realizando com esse grupo em Quito, Equador. Especialmente porque o governo exigiu, como condição para continuar neste processo, que os guerrilheiros renunciem a esta prática que é contra o Direito Internacional Humanitário, informou El Espectador.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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