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Jornalista mexicano é morto em Veracruz apesar de ter proteção do governo

Esta notícia foi atualizada para dar mais informações sobre o assassinato e o mecanismo que protegia Ríos Vásquez.

O jornalista mexicano Cándido Ríos Vásquez foi morto no sul de Veracruz em 22 de agosto de 2017, apesar de estar sob o programa do governo federal para proteção de jornalistas.

Ríos, que estava sob proteção do Mecanismo para Proteção de Pessoas Defensoras de Direitos Humanos e Jornalistas federal por causa de ameaças recebidas, teria parado para conversar com o ex-inspetor de Acayucan, Victor Acrelio Alegria, quando ambos foram baleados, de acordo com o relato à Associated Press de Cecilio Perez Cortes, editor-assistente do jornal onde o jornalista assassinado trabalhava. Os dois homens, além de um ex-agente municipal, morreram, informou o Diario de Xalapa.

A Comissão Estadual de Cuidados e Proteção de Jornalistas em Veracruz (CEAPP) confirmou que Ríos estava sob o mecanismo de proteção e disse que havia providenciado assessoria jurídica a Vásquez depois que uma queixa foi arquivada na Procuradoria Geral em 2012.

De acordo com a AP, Cecilio Perez Cortes contou que um ex-prefeito de Hueyapan de Ocampo ameaçou repetidas vezes o jornalista. Ele acrescentou que Ríos tinha um botão de pânico no celular e uma câmera de segurança em casa.

A Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) pediu ao Secretário Geral do Governo de Veracruz para implementar medidas cautelares para a família do jornalista, de acordo com o Proceso. A Comissão também pediu aos três níveis de governo uma investigação minuciosa que não omita o trabalho jornalístico de Ríos na linha de investigação.

Ríos, que também fundou o La Voz de Hueyapan, era “conhecido por sua longa carreira cobrindo a nota roja [editoria de polícia], e por conflitos com alguns ex-prefeitos da região devido ao trabalho jornalístico", reportou a AFP.

A capa da edição de 23 de agosto de El Diario de Acayucan trouxe uma foto de Ríos com a frase: "Nossas armas não disparam balas, elas atiram verdades". No topo da página, em letras grandes e em negrito: "Eles não vão nos calar" (No nos callan).

Um relatório recente da organização da liberdade de expressão Artigo 19 México informou que um jornalista é atacado no país uma vez a cada 15,7 horas. Antes do assassinato de Ríos, oito jornalistas haviam morrido no país este ano e um desapareceu, de acordo com a contagem da organização. O jornalista Salvador Adame Pardo é contabilizado como desaparecido já que seus parentes questionaram a investigação do caso e o subsequente anúncio do governo de que seus restos estavam localizados em Michoacán.

Ríos é o terceiro jornalista a ser morto em Veracruz este ano. O cinegrafista hondurenho Edwin Rivera Paz foi morto em Acayucan no dia 9 de julho, depois de fugir para o México temendo por sua vida depois que um colega foi assassinado. Ricardo Monlui Cabrera foi assassinado no dia 19 de março em Yanga enquanto entrava em um carro com sua esposa e filha, que escaparam ilesas.

O mecanismo de proteção do governo federal foi fortemente criticado por organizações nacionais e internacionais. Os jornalistas também expressaram sua desconfiança no mecanismo, até mesmo optando por não buscar sua ajuda diante de ameaças de morte.

Após o assassinato do jornalista Javier Valdez em Sinaloa no dia 15 de maio, centenas de jornalistas mexicanos começaram a participar de uma iniciativa, #AgendaDePeriodistas, para combater a violência contra jornalistas e a impunidade. O grupo está atualmente formando sua agenda permanente e decidindo um modelo organizacional para representar os interesses dos jornalistas.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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