No fim de junho, o Fórum de Jornalismo Argentino (Fopea) disse que prints falsos de supostas conversas de sua comissão diretora foram disseminados em uma “clara campanha de difamação por parte de operadores digitais ligados ao governo”. O próprio presidente do país, Javier Milei, participou dos ataques. Paula Moreno, presidente do Fopea, falou à LJR sobre o episódio, que se insere em um contexto de tensões entre o governo e a imprensa.
Dias antes de obter uma vitória esmagadora nas urnas e se eleger presidente do México, Claudia Sheinbaum assumiu um compromisso com a Repórteres Sem Fronteiras para proteger os jornalistas no país. Para cumprir sua palavra, ela precisará promover reformas profundas no sistema de Justiça mexicano.
O Equador tem um mecanismo de proteção a jornalistas estabelecido legalmente que não conta com recursos para ser plenamente funcional. À medida que a violência aumenta no país, em particular contra a imprensa, o recente anúncio do governo de não aprovar recursos para este ano e o próximo acendeu ainda mais os alarmes sobre como melhorar a segurança de profissionais de mídia no país.
Na Venezuela, as liberdades informativas digitais são sistematicamente censuradas e atacadas, segundo “Algoritmos do Silêncio”, o Relatório Anual de Direitos Digitais de 2023 da Ipys Venezuela. Durante o ano passado, 46 portais de informação foram bloqueados e 12 meios de comunicação e quatro jornalistas sofreram roubo de identidade.
Na América Latina, as mulheres que trabalham na imprensa enfrentam violência de gênero em seus locais de trabalho e na esfera pública por causa do trabalho que realizam, de acordo com um relatório publicado recentemente pela Federação Internacional de Jornalistas. Elas também sofrem altos níveis de insegurança no emprego.
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), em seu relatório de meio de ano sobre a situação da liberdade de imprensa nas Américas, alertou sobre a criminalização judicial e as ameaças a jornalistas no Paraguai. A LJR conversou com jornalistas do país que foram ameaçados por estarem fazendo seu trabalho.
Durante o primeiro trimestre de 2024, o Observatório de Jornalistas da Guatemala registrou 22 ataques e restrições à imprensa no país. Embora haja uma pequena melhoria em comparação com o mesmo período do ano anterior, organizações e jornalistas guatemaltecos continuam preocupados com a criminalização da profissão.
Dez jornalistas e comunicadores contaram como têm sofrido ameaças e agressões por reportar atividades predatórias na Amazônia brasileira no relatório “Fronteiras da Informação”, realizado pelo Instituto Vladimir Herzog (IVH). O documento também oferece dicas de segurança e apresenta recursos de proteção aos quais jornalistas podem recorrer caso estejam em perigo.
Como parte do seu trabalho para combater a impunidade nos crimes contra jornalistas, a Sociedade Interamericana de Imprensa lançou a campanha “Vozes que exigem justiça”. O primeiro caso destacado é o do jornalista colombiano Gerardo Bedoya Borrero, assassinado em 1997 e cujo crime permanece impune.
Casos de espancamentos, agressões e ofensas de torcedores contra jornalistas têm se multiplicado em muitos países da América Latina. Por trás dos ataques, podem estar novos códigos de conduta entre torcedores violentos e uma intolerância profunda à diferença.