Os assassinatos de 33 jornalistas e trabalhadores da imprensa nas Américas em 2016 mostram um aumento na censura e na corrupção nesses países, de acordo com o relatório anual do Relator Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
O ano de 2016 foi crítico para o exercício do jornalismo no mundo, segundo três organizações internacionais promotoras da liberdade de expressão e de imprensa em seus relatórios anuais, divulgados neste semana.
“Censura e vigilância de jornalistas: um negócio sem escrúpulos” é o relatório publicado pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que denuncia vários casos de vigilância digital de jornalistas por parte dos governos, tanto democráticos como autoritários, de vários países do mundo.
O desembargador Arnaldo Camanho de Assis, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, suspendeu a censura sobre reportagem da Folha de S. Paulo a respeito da chantagem feita por um hacker contra a primeira-dama do Brasil, Marcela Temer. A decisão veio de recurso interposto pela Folha.
Ainda que os números de violência letal contra jornalistas na Colômbia sigam diminuindo – por exemplo, 2016 foi o primeiro ano nos últimos sete em que não foram registrados assassinatos por causa do trabalho jornalístico – as formas de censura têm mudado e se encontram muito longe de serem superadas na Colômbia.
O governo do Peru formalizou recentemente a criação da Autoridade Nacional de Transparência e Acesso a Informação Pública, cujo objetivo é garantir a aplicação da Lei de Transparência e Acesso a Informação Pública, promulgada há 13 anos, informou o jornal La República.
"Estamos de volta depois de um ano, dez meses dos quais este grupo de jornalistas, do qual faço parte, sofreu um golpe de censura que nos expulsou da rádio mexicana". Essa foi a maneira com a qual a jornalista mexicana Carmen Aristegui começou a primeira transmissão pela internet da nova versão de seu tradicional programa de rádio "Aristegui Ao Vivo".
“Vamos te fazer uma confissão: na Colômbia os jornalistas publicam muito menos do que sabem”. Assim começa o vídeo promocional da rede de jornalistas colombianos, criada recentemente, chamada A Liga Contra o Silêncio. Através da sua primeira atividade, a Liga busca recursos suficientes para cobrir os temas que mais são atingidos pela autocensura no país.
Os processos eleitorais que pedem a retirada de algum conteúdo publicado na internet cresceram 33% nas eleições municipais de 2016, que terminaram neste domingo (30/10), em relação ao pleito de 2012. Foram 559 ações na Justiça, contra 419, em 2012, segundo a plataforma Ctrl+X, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
A detenção de ao menos dois jornalistas comunitários e o ataque a outros dois repórteres enquanto cobriam a remoção de barracos em uma favela no Rio de Janeiro gerou críticas contra a Polícia Militar, acusada de violar a liberdade de expressão.
A pesquisadora Olga Khrustaleva está buscando jornalistas e ativistas na América Latina que queiram partilhar suas experiências de censura na internet. Seu objetivo é mapear os tipos de censura da Internet na região e descobrir como jornalistas e ativistas estão mudando o seu comportamento por isso.
Há um desacordo entre o governo do presidente boliviano Evo Morales e uma grande parcela dos meios de comunicação e organizações que defendem a liberdade de expressão, disse o Relator Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Edison Lanza, durante visita a La Paz, conforme noticiado pela Página Siete.