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Número de jornalistas latino-americanos mortos chega a 24 nos primeiros seis meses de 2016

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  • 5 julho, 2016

Por Heloisa Aruth Sturm e Teresa Mioli

Vinte e quatro jornalistas foram assassinados ou morreram sob circunstâncias obscuras na América Latina nos primeiros seis meses de 2016. Somente no mês de junho, foram oito casos.

Mais da metade das mortes registradas no ano ocorreram em apenas dois países: México, com 9 registros, e Guatemala, com cinco casos. Também foram registrados homicídios e mortes em Honduras (3), El Salvador (3), Brasil (2) e Venezuela (2). Os autores dos crimes foram identificados em apenas cinco deles.

Dez dos 24 profissionais mortos neste ano trabalhavam na cobertura de casos de corrupção, crime organizado e administração local. Ao menos quatro deles relataram ter sofrido ameaças.

Abaixo, veja o mapa interativo e saiba mais sobre os jornalistas mortos na América Latina desde o início do ano.

Os três casos mais recentes foram registrados no México no espaço de uma semana, quando dois profissionais foram mortos a tiros em menos de 24 horas e um locutor de rádio foi atropelado por um carro de polícia. Este último caso está sob investigação e não foi caracterizado como homicídio pelas autoridades.

Entidades de proteção à liberdade de imprensa alertaram para o aumento da violência contra comunicadores e também criticaram a tentativa de autoridades locais em criminalizar alguns dos jornalistas assassinados, vinculando-os a organizações criminosas, como no caso de Zamira Esther Bautista e Anabel Flores Salazar, de acordo com a Sociedade Interamericana de Imprensa e a Artigo 19. O número de assassinatos contra jornalistas naquele país já ultrapassa a quantidade registrada durante todo o ano de 2015.

Em um comunicado divulgado em referência aos cinco assassinatos registrados na Guatemala neste ano, a Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) enfatizou que tanto a entidade quanto a Corte Interamericana “têm abordado o efeito paralisante que os crimes contra jornalistas causam em outros profissionais da comunicação social, bem como nos cidadãos que pretendem denunciar os abusos de poder ou atos ilícitos de qualquer tipo”. A organização exortou as autoridades para que punam tais crimes de maneira mais eficaz.

A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) atribui o alto número de jornalistas latino-americanos assassinados neste ano à violência, corrupção, impunidade, e mecanismos de proteção inexistentes ou ineficazes. (Nota da editora: RSF noticiou que 21 jornalistas foram mortos na América Latina nos últimos seis meses).​

Muitos dos países onde ocorreram os assassinatos são países afligidos por altos níveis de violência em geral, nos quais a maioria dos casos permanece impune. Portanto, determinar os motivos por trás de assassinatos de jornalistas, e se suas mortes estão relacionadas com o seu trabalho, pode ser uma tarefa especialmente difícil.

No mapa abaixo, o Centro Knight incluiu casos de assassinatos ou mortes incertas de jornalistas que foram relatados nos meios de comunicação locais e por organizações de liberdade de expressão. A maioria destes casos ainda está sendo investigada e os motivos estão sendo determinados, incluindo se a morte do jornalista estaria relacionada ao seu trabalho profissional. Devido ao fato de as investigações ainda estarem em andamento, o Centro Knight incluiu todas as mortes aqui, embora nem todas sejam consideradas homicídio ou tenham a confirmação de que foram motivadas pelo trabalho jornalístico.

Nota do editor: Essa história foi publicada originalmente no blog de jornalismo nas Américas do Centro Knight, o predecessor do LatAm Journalism Review.

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